Nesta ultima quarta-feira pipocou pela internet um vídeo vazado de cenas de masturbação coletiva num vestiário da vida… Tudo bem, seria mais um porno desses que circula aos montes pelo Whatsapp, seria mais um na multidão… Pois é, seria, se não fosse vazamento de dentro dos porões do sacro-santo-macho FUTEBOL. Um centenário porém inexpressivo clube do Rio Grande do Sul movimentou opiniões por ter punido, 3 jogadores, filmados nesse ato… Tudo bem, os cidadãos convivem bem com ‘peripécias’ dentro de seus celulares, mas no futebol não, mil vezes não. O clube alegou não ter qualquer preconceito, alegou que de homofobia nada existia, que da vida particular dos ‘outros’ não tem nada, mas dentro de seus domínios, isso não poderia passar batido… Pois é, batido ou não, o afastamento houve.
O futebol; e quando falo digo o esporte; é e muito ‘anti diversidade’. A máxima de que ‘futebol é coisa de macho’ nem mais clichê é, tornou se com tempo regra inquestionável… Inquestionável? Sim, poucos ousam questionar…
Nessa maré de ‘machos e seu esporte de estimação’, não cabe o afeto ou até mesmo a brincadeira entre seus participantes, o único afeto aceito é entre os marmanjos e as camisas que vestem, ou as cores que veneram… Vale sim ir ao estádio e xingar, urrar, vibrar, gozar e até mesmo abraçar aquele ‘mano’ suado e fedido que esta do seu lado na hora do gol, tudo sem pudor algum simplesmente ‘por que aqui é Corinthians’ porra!’
No futebol não se sai do armário, não conheço um só jogador tenha feito isso. Alguns são arrancados a força, resistem, continuam suas carreiras, mas sempre são jogados aos leões. Né não Richarlyson?
O ‘videozinho’ que correu a internet, não encontrou eco nos grandes e poderosos clubes o Brasil e nem encontrará. O pequeno clube gaúcho tratou com ‘dedos’ o assunto tanto quanto todos tratam os desmandos da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), os desvios de dinheiro da entidade, os escândalos de corrupção da Copa do Mundo do Brasil, as mutretas da FIFA e seus dirigentes. Este futebol de machos se omite.
Futebol não reserva espaços ou você é do ‘clube do Bolinha’ ou não é. Falar de inclusão num esporte que relega as mulheres a segundo plano já seria assunto mais que suficiente para falarmos sobre como é frágil este mundo futebolista. Não importa para dirigentes ou torcedores se temos Marta, uma das maiores jogadoras de ‘bola’ do mundo. Não importa se temos a Formiga, do alto de seus 39 anos, jogando com a camisa amarela. Os grandes e poderosos clubes do Brasil, somente por força de imposição, criaram times femininos. Ou criavam ou não recebiam verbas… Negócios, dinheiro… Hoje temos um campeonato brasileiro de clubes para as mulheres, mesmo que sem TV, mesmo que sem patrocínios, mesmo capenga para poder dizer que ‘TEMOS’.
A bola murcha do futebol dos machos começa com as mulheres, por mais irônico que seja… Iniciar discussão então sobre gays no esporte, ahhhhhh isso serão outros 500…
A ‘brincadeirinha’ dos garotos, no vestiário do time gaúcho ainda ecoa pela internet, hoje ao jornal gaúcho Zero Hora, um dos envolvidos deu entrevista e entre defesas disse: “A gente é só brincalhão. Talvez até demais.” – “A gente tinha treinado, na boa. Era uma frescura no vestiário, estava cheio, todo mundo lá, não só nós três. Daí, um foi inventar de filmar, outro levou na brincadeira… Era zoeira mesmo. Quem joga bola entendeu perfeitamente. Quem não joga levou para o outro lado”. Ok, tudo ainda ecoa mas logo, logo, acabará nos porões, como tantas e tantas histórias já contadas ao longo de mais de século de orgulho nacional. Né não Vampeta?
Não podemos mais negar ou nos omitir diante do progresso das relações humanas, e o esporte não pode ficar fora dessa. Que fique o alerta aos desavisados, que o futebol não é nem nunca foi esse tal mundinho perfeito, onde os meninos apenas jogam bola. Ainda muito virá por ai e enquanto isso, LGBTs frequentam estádios, torcem para seus times e pelo menos durante 90 minutos, brincam de ser ‘machos. Né não Paulo Franco?